Tradicionalmente, a dor femoropatelar era considerada uma condição que apresenta resolução espontânea, sem necessidade de intervenção ou tratamento. Entretanto, um número crescente de evidências indica que a persistência da dor a longo prazo é comum.
Nesta página, você encontrará informações sobre o prognóstico da dor femoropatelar e sobre quais fatores estão associados a um prognóstico desfavorável.
Estudos que avaliaram populações de adultos jovens com dor femoropatelar reportaram altas taxas de recuperação desfavorável a longo prazo.1,2 Mais especificamente, em um grupo de pessoas com dor femoropatelar que realizaram um tratamento fisioterapêutico baseado em evidências, 40% apresentaram recuperação desfavorável após 1 ano.1 Em um estudo mais recente, que avaliou pessoas com dor femoropatelar em 5 a 8 anos após o tratamento, essa taxa foi ainda maior: 57% dos pacientes relataram recuperação desfavorável.2
O prognóstico para adolescentes com dor femoropatelar parece ser semelhante ou ainda pior do que nos adultos jovens: cerca de 50% a 90% dos adolescentes reportam persistência dos sintomas de 1 a 20 anos após o diagnóstico inicial.3,4,5,6
As evidências indicam que a duração da dor femoropatelar pode ser variada, porém, reforçam que esta não é uma condição de resolução espontânea. Os tratamentos para a dor femoropatelar, incluindo exercícios e tratamentos adjuntos (como órteses de pé, bracing de joelho, taping patelar) podem ser eficazes em curto, médio e longo prazo. É possível que o fator-chave para obter melhores resultados a longo prazo seja continuar utilizando esses tratamentos eficazes, direcionados de maneira individualizada para os comprometimentos do paciente. Além disso, educar os pacientes para controlar continuamente sua carga de exercícios e abordar os fatores de risco, mesmo após o tratamento, pode ser uma boa opção para evitar a recorrência da dor femoropatelar.
Algumas evidências demonstram que a presença de determinados fatores pode indicar pior prognóstico da condição, mesmo após o tratamento.1,2
- Maior duração dos sintomas (> 12 meses) e pior função autorreportada (pontuação abaixo de 70/100 no questionário Anterior Knee Pain Scale – AKPS) indicam pior prognóstico 5 a 8 anos após o tratamento.2
- Além desses fatores, a severidade da dor habitual ou no repouso (pontuação acima de 35/100 na Escala Visual Analógica de dor – EVA) e a severidade da pior dor no último mês ou durante atividade (pontuação acima de 60/100 na EVA) indicam pior prognóstico 1 ano após o tratamento.1
Identificar quais fatores estão associados com a cronicidade e sintomas mais severos é importante para traçar estratégias preventivas com o objetivo de melhorar o prognóstico a longo prazo da dor femoropatelar.
Além disso, diminuir as chances de cronicidade e recorrência da dor femoropatelar é particularmente importante, já que diversos estudos e pesquisadores vêm sugerindo que a dor femoropatelar pode ser uma condição que precede o desenvolvimento da osteoartrite femoropatelar.
Nota importante: Os profissionais de saúde precisam educar os pacientes de que a dor femoropatelar nem sempre possui resolução espontânea, especialmente nos casos com longa duração dos sintomas (> 12 meses) e piores sintomas e função.
Assista ao vídeo abaixo com o Dr. Simon Lack respondendo as dúvidas mais comuns sobre esse tema:
Agora que você já revisou tudo sobre o prognóstico da dor femoropatelar, teste seu conhecimento respondendo ao quiz abaixo.
Referências
- Collins et al. 2013. Prognostic factors for patellofemoral pain: a multicentre observational analysis.
- Lankhorst et al. 2015. Factors that predict a poor outcome 5–8 years after the diagnosis of patellofemoral pain: a multicentre observational analysis.
- Rathleff et al. 2013. Half of 12-15-year-olds with knee pain still have pain after one year.
- Rathleff et al. 2016. Is knee pain during adolescence a self-limiting condition? Prognosis of patellofemoral pain and other types of knee pain.
- Stathopulu & Baildam. 2003. Anterior knee pain: a long-term follow-up.
- Nimon et al. 1998. Natural history of anterior knee pain: a 14- to 20-year follow-up of nonoperative management.